Salário-base da PM do Espírito Santo é o menor do país e do RN é um dos piores
G1
O salário de um policial
militar no início de carreira pode variar de R$ 2.646 a R$ 6.500 no Brasil. É o
que mostra um levantamento feito por jornalistas do G1 em todos os
estados e no DF. Os dados, fornecidos pelos governos, levam em conta o
salário-base da categoria mais as gratificações incorporadas a ele, ou seja,
comuns a todos os soldados do estado. As vantagens variáveis, que podem ou não
ser concedidas, não entram na conta.
O Espírito Santo, que vive uma
crise na segurança pública em razão da ausência de PMs nas ruas, possui o pior
salário de um soldado do Brasil. Mulheres de policiais fazem bloqueios nas
portas de batalhões desde o dia 3 reclamando justamente dos baixos salários e
das condições de trabalho.
O cabo Wilson Morais,
presidente do Conselho Deliberativo da Associação Nacional de Policiais
Militares e Bombeiros Militares do Brasil, diz que a crise se dá por um estado
de necessidade da família do policial. “Nós, policiais, somos proibidos [de
fazer greve], mas o estado de necessidade, a fome e a barriga dos familiares
fala mais alto. Já que não podemos, nossos familiares podem.”
O salário de um soldado em
início de carreira no Espírito Santo é de R$ 2.646,12. O governo diz, no
entanto, que há uma remuneração extra paga a todos os soldados e que o
salário-base, na prática, é de R$ 3.052,06. Segundo o estado, apesar de não
estar incorporado ao salário, o valor da escala extra é pago a todos os
policiais porque todos fazem hora extra. A associação de cabos e soldados do
estado nega que todos façam hora extra. "A grande maioria realmente faz
essas escalas de 18 horas para poder ganhar mais. Mas não são todos. Se o
estado diz que paga para todo mundo, por que quando as mulheres pediram que
esse valor fosse incorporado ao salário o governo negou?", questiona
Thiago Bicalho, diretor da associação.
Em entrevista à Miriam Leitão,
o governador Paulo Hartung disse que o salário de PMs é o "10º na escala
de salários". "Tem a ver com nosso tamanho, tem a ver com a nossa
economia. E é um salário que está sendo pago em dia", disse. Segundo
o governo, uma tabela baseada em dados da Pnad de 2015 mostra que o piso
capixaba é o 10º maior entre os 26 estados e o Distrito Federal.
O que mostra o levantamento e
o que diz o governo:
O ES tem o pior salário de um
soldado em início de carreira na PM: R$ 2.646,12
O governo diz que paga uma
remuneração extra que faz o salário chegar a R$ 3.052,06 e que uma tabela
baseada na Pnad 2015 coloca o estado na 10ª posição
Além dos dados fornecidos
pelos governos, a equipe de reportagem também solicitou os valores para as
associações de cabos e soldados. Em quase todos os estados, os valores passados
foram exatamente os mesmos.
O Distrito Federal é o que
paga melhor. Além do soldo de R$ 706, todo policial militar, não importa a
patente, recebe um adicional de posto ou graduação (de 50% a 80%), um adicional
de certificação profissional (de 10% a 30%), um adicional por tempo de serviço
(1% por ano), auxílio-moradia (de R$ 11,58 a R$ 143,91), entre outros. Isso faz
com que o salário de um soldado 1ª classe seja de no mínimo R$ 6.500.
Para Wilson Morais, a
discrepância salarial é “absurda”. “Defendemos um teto salarial igual para
todos os policiais. O risco do policial em diferentes em estados é o mesmo. Não
devia haver diferenças. A vida do policial, independente do estado, é que está em
jogo.”
“O grito maior dos policiais
hoje é em relação à questão salarial e às condições de trabalho. Um policial,
às vezes, chega a trabalhar 24h por dia. Há um déficit de armas, coletes
vencidos, armas obsoletas que estão dando problema. Hoje a polícia está
sucateada. Enquanto os assaltantes usam fuzis, estamos usando .40, calibre 12”,
afirma.
Levantamento do G1 mostra
que em alguns estados há uma defasagem de anos. Rio de Janeiro e Tocantins, por
exemplo, deram os últimos aumentos em 2013. Estados como Amapá e Sergipe não
concedem reajuste desde 2014.
Gratificações
Em alguns estados, além das
gratificações fixas, há várias outras vantagens, que dependem de uma série de
fatores. Em Roraima, por exemplo, o PM tem uma porcentagem de aumento sobre o
subsídio quando é destacado para outros municípios (6% para cidades até 100 km
da capital, 9% de 101 km até 200 km e 12% para mais de 200 km) e recebe, entre
outras coisas, auxílio funeral.
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